Páginas

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

E por falar em saudade...

Gláucia Veras Dias é banqueteira no ceu
Marina Dias Marinho

É que hoje só nos resta  falar da saudade. E quando falo assim, no plural, é porque reconheço que Deus cuidou de cada detalhe da partida da minha tia, fazendo com que cada um de vocês que estão aqui hoje carregassem comigo e com a minha família um pouquinho dessa dor que é não poder conviver mais com a sua presença diária. E nós somos gratos por isso.
Para falar de tia Gláucia tem que ser sempre no plural – SEMPRE! Porque a vida dela era sinônimo de agregar, de aglutinar: parentes, amigos, comidas, cervejas geladas, boas músicas, sorrisos, histórias e agora lembranças. Doces lembranças, sinceras lembranças, verdadeiras lembranças, intensas lembranças... nossas. E as lembranças que chegam na frente tem sons de “e aí? E a besteira?”; têm trilha sonora de Chico Science, Nação Zumbi, Mart’nalia, Gilberto Gil, Marina Lima e de tantos outros artistas, que, assim como ela, nos marcaram de alguma forma em algum momento de nossas vidas. 
Elas passam pelos aromas dos seus temperos incríveis e da colônia Jonhson de tal forma que se tentarmos fazer um exercício de fechar os olhos, quase os sentimos, mas isso não está acontecendo aqui realmente. Essas lembranças chegam repletas de sorrisos, de intensidade, de amor e, sobretudo, de generosidade. 
Tia Gláucia foi em vida uma típica seridoense: barrista, espontânea, amiga, sincera, cheia dos abusos, cozinheira de mão cheia, caicoense com amor e alegre por natureza. Ela não só ocupava, mas preenchia todos os espaços. Não só escutava o que a gente falava, mas ouvia, aconselhava e se ela visse que era um caso meio que perdido, já soltava um: “ei, melhore”. E se isso funcionava meio que como um remédio mesmo para todo mundo, eu não sei, mas parece que a gente sempre melhorava.
A minha tia foi uma MÃE, toda em letra maiúscula; ela criou Júlia com muito amor e aproveitou cada segundo aqui para declarar sua paixão por ela. Ela foi uma tia incrível, tão incrível que eu, Hugo e Huguinho ainda não sabemos como preencher o vazio que a sua felicidade deixou; foi uma irmã presente, parceira; uma filha completa que permitiu que vovó Marta sentisse toda a emoção e orgulho de ter uma filha como ela. 
Para além disso tudo, se tem algo que ela soube ser, foi amiga e por esse motivo lotamos os corredores da Promater, a varanda lá de casa, a capela no Morada da Paz. Como bem falou Dr. Nilson, o neurologista que a acompanhou, ela parou a cidade, mobilizou toda Natal na esperança de que a notícia daquela noite do dia 9 de agosto de 2017 fosse outra, mas não foi. 
Deus nos deu diversas provas de sua misericórdia e a deixou mais um tempo até que todos nós processássemos a ideia de seguir nossas vidas sem ela. Quando Ele viu os nossos corações serenos, lhe chamou para preparar um banquete no céu. Por isso, tia, tempere a vida aí de cima e fique tranquila porque a sua existência será eterna em nossas memórias, assim como os sabores e aromas que você deixou por onde passou.
Por aqui nós vamos seguindo. Estamos cuidando de Júlia e de vovó, por isso, fique em paz. Nós já estamos morrendo de saudade porque você é só amor, da cabeça aos pés.

Texto lido ontem à noite, durante a missa de 7º Dia pelo encantamento de Gláucia Veras Dias

Um comentário:

  1. Pura emoção essa mensagem de Marina. Impossível não "marejar" os olhos e permitir que as lágrimas rolem. ��

    ResponderExcluir